por Julius Wiedemann 

 

A exposição "Caleidoscópio", a ser aberta no dia 2 de abril na galeria Bolsa de Artes, emerge como um convite irresistível para explorar o rico universo pictórico de quatro jovens artistas contemporâneos: Rafael Hayashi, Ramon Martins, Thiago Nevs e Cripta Djan. Sob a perspicaz curadoria de William Baglione, curador chefe da Afluente, somos conduzidos a uma jornada visual que transcende épocas e movimentos, mergulhando na essência da expressão artística em constante evolução. A data escolhida para a abertura, no dia anterior ao início da SP-Arte, é significativa. 

 

 

Assim como um caleidoscópio cria padrões dinâmicos a partir de fragmentos simples, esta exposição revela uma multiplicidade de perspectivas, influências e estilos entrelaçados. A curadoria, pretende aqui achar o fio condutor do desenvolvimento da arte nas últimas décadas, com artistas que Baglione conhece bem. Ao imergir nesse universo artístico, somos desafiados a refletir sobre a continuidade da expressão artística ao longo do tempo, observando sua evolução e reinvenção nas interseções entre passado e presente, clássico e contemporâneo, urbano e sublime.

 

 

 

 

Os ecos urbanos ressoam de maneira expressiva nas pinturas expostas, refletindo a rebeldia e autenticidade dos movimentos artísticos que permeiam as ruas das grandes metrópoles. No entanto, há uma fascinante sofisticação que se mescla com essa atmosfera urbana, criando um contraponto surpreendente com elementos do barroco e da pintura clássica. Esse diálogo entre a rudeza das ruas e a elegância artística proporciona uma experiência visual única, que desafia as noções preestabelecidas de estética e valor artístico.

 

 

 

 

Particularmente intrigante é a maneira como a estética da Pixação paulista encontra espaço nesse cenário artístico. Uma forma de expressão muitas vezes marginalizada, a Pixação emerge como uma força poderosa, que conquistou reconhecimento em eventos de renome internacional, como as Bienais de São Paulo e Berlim. Nesse contexto, as marcas urbanas são reinterpretadas como expressões legítimas de uma arte que pulsa no meio do caos e da ordem, desafiando as fronteiras entre o convencional e o transgressor.

 

 

 

 

É aqui que a curadoria de William Baglione revela sua importância fundamental. Ao selecionar e contextualizar as obras desses jovens artistas, William não apenas nos apresenta uma coleção de pinturas, mas nos convida a uma reflexão mais profunda sobre a sociedade em que vivemos e as múltiplas formas de expressão que a permeiam. Sua visão cuidadosa e perspicaz permite que as obras dialoguem entre si, criando um panorama vibrante e diversificado da arte contemporânea brasileira.

Em última análise, "Caleidoscópio" não é apenas uma exposição de arte, mas uma celebração da criatividade humana e da capacidade de reinvenção. É um lembrete poderoso de que a arte está em constante movimento, sempre se adaptando e respondendo aos desafios do mundo ao seu redor. Ao explorar essa exposição, somos convidados a nos conectar não apenas com as obras em si, mas com as histórias e experiências que elas representam. E, no centro de tudo isso, está a figura do curador, que com sua curadoria habilidosa e sensível, nos guia através do labirinto fascinante da arte contemporânea.

 

 

 

Imagens da Exposição Caleidoscópio com abertura no dia 02 de Abril.

 

A missão da AFLUENTE sempre foi de explorar novos territórios, e trazer as pessoas que fazem desses espaços os lugares mais interessantes para entendermos a cultura contemporânea. Costumo dizer que a frase "temos um pouco de tudo" não funciona mais. Simplesmente porque temos muito de tudo. O olhar de William para conectar esses "dots" não pode passar despercebido.

 

 

William Baglione é curador chefe da Afluente, envolvido com arte desde 1994, foi fundador do coletivo de artistas Famiglia (2005 - 2012), administrando a carreira de oito proeminentes artistas em exposições, obras para colecionadores e trabalhos publicitários dentro e fora do país. Foi responsável por exposições feitas em centros culturais e galerias nos Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália e Rússia, bem como collabs com marcas nacionais e globais.

Foi curador da edição dedicada à arte brasileira da revista Juxtapoz, a bíblia da cultura urbana nos Estados Unidos. Também foi curador de eventos realizados pela Embaixada do Brasil em Moscou e em Londres, levando artistas brasileiros para representar o país nas capitais. No início de 2013, William Baglione foi co-curador da exposição SOS Racisme com cunho beneficente, realizada no Palais de Tokyo em Paris.

Entre os anos de 2013 e 2014 prestou consultoria para o documentário South American Cho-Low em conjunto com a jornalista norte americana Phuong-Cac. O documentário rodou alguns dos principais festivais nos Estados Unidos e figurou em matéria especial sobre o tema no jornal New York Times.

Em Maio de 2017 assumiu a curadoria do projeto Street River em Belém do Pará levando arte, água potável e energia solar para os povos ribeirinhos. O documentário, com produção e direção da TILT Records, realizado a partir desta primeira curadoria foi transmitido de forma inédita durante a realização do maior festival de Street Art do Leste Europeu, Vulica Brazil na BieloRussia, organizado pela Embaixada Brasileira local. A produção ganhou prêmio em festival no principado de Mônaco.

Além do trabalho realizado no âmbito da curadoria, há 10 anos Baglione é fotógrafo com trabalhos autorais expostos em cidades da França, Estados Unidos, Itália e Brasil.

 

Serviço: Caleidoscópio, Bolsa de Artes, abertura dia 2 de abril de 2024 - 17:00 às 22:00 horas.
Rua Rio Preto, 63 - Jardins, São Paulo, SP.